pelo presidente Luiz Eduardo SarmentoFotos: Toninho Barbosa Boa noite a todas, a todos e a todes.
Autoridades, apoiadores e associados do IAB; dirigentes e ex-dirigentes de nossa entidade; representantes do Conselho de Arquitetura e Urbanismo e das entidades irmãs de arquitetura e urbanismo; movimentos sociais; representações diplomáticas e estudantes de arquitetura e urbanismo: nosso muito obrigado pelo prestígio. Vocês honram o IAB com suas presenças neste Museu Nacional da República. Todas e todos que estão aqui hoje, reunidos neste espaço que é um patrimônio cultural do Brasil, projeto do nosso arquiteto maior Oscar Niemeyer, são pessoas que, de alguma forma, constroem o Brasil a partir deste planalto central. Nossa gratidão à vocês. E estamos aqui para um ritual de passagem. E pq sabemos o quão importantes são os rituais de passagem, que marcam o tempo, encerram e iniciam ciclos. Hoje iniciamos, com vcs, um novo ciclo de luta pelo direito à cidade, à arquitetura, à moradia, ao patrimônio cultural e a promoção de espaços propícios ao intercâmbio e desenvolvimento da arquitetura e urbanismo no brasil e no DF. É com grande satisfação e dever de responsabilidade que assumimos, nesta solenidade pública, como dirigentes do IAB.DF, uma empreitada de 3 anos, um compromisso voluntário e coletivo que escolhemos para focar nossas energias, nosso tempo (e trabalho livre) nos próximos três anos. Não é pouca coisa. Não será pouco o trabalho a qual teremos que enfrentar. Nossa responsabilidade é enorme ao dirigir uma entidade fundada pelo arquiteto Wilson Reis Netto: destacado artista e importante arquiteto e urbanista que chegou ao planalto para trabalhar com Niemeyer na construção de nossa Capital. Assim como eu, um LGBTQIA+ que veio construir uma vida, ajudar a consolidar essa cidade inserida no cerrado - ou o que sobrou dele e que tanto precisamos lutar para preservar. Gostaria de agradecer ao meu marido, Chico Monteiro, aqui presente, e que tem, nos últimos anos, ajudado ativamente nas atividades do IAB, inclusive na construção das comemorações do centenário de nossa Entidade em 2021. Começamos um novo ciclo em um IAB que foi casa de Lelé, de Olga Verjovstky, de Alda Rabelo, Ítalo Campofiorito - pausa: um profissional que como eu, Soneca, Raul, Henrique - que compõem nossa atual gestão, trabalhou no Iphan, órgão que presidiu e onde instruiu o processo de tombamento de Brasília), Fernando Burmeister, Elvin Dubugras, Milton Ramos, Miguel Pereira, Athos Bulcão e o mestre Edgar Graeff, para citar apenas alguns dos nossos que não estão mais entre nós mas que deixaram um legado importantíssimo ainda nos afeta. Nosso IAB, esta organização da sociedade civil potente, já foi sediada no apartamento do Wilson Reis Netto, na UnB, no Teatro Nacional, no Edifício Mineiro no SCS, no Edifício Oscar Niemeyer, também no SCS; em nosso belo terreno da L2 Sul - onde está prevista a construção da casa da arquitetura e do urbanismo no brasil - Sede Conjunta do Conselho de Arquitetura do Brasil e do IAB em Brasília. Hoje, mesmo que momentaneamente, fizemos do Museu Nacional da República nossa casa. Esperamos estar mais e mais vezes aqui neste importante espaço, discutindo, expondo e apresentando arquitetura e soluções para cidades mais justas e sustentáveis. Aproveitando o ensejo, agradeço a diretora do Museu, querida Sara Seilert e sua equipe pela acolhida e pelos projetos que virão! A chapa eleita, que ora toma posse nesta solenidade (solene pela presença de vocês!) se intitulou como IAB-DF: cultura, democracia e diversidade. Fomos eleitos em processo democrático no fim de 2022, quando tomamos posse cartorialmente e iniciamos nosso trabalho. Assim como estamos reconstruindo o país, estamos reconstruindo o IAB. Os últimos anos não foram fáceis. Enfrentamos uma pandemia mundial, perdemos pessoas queridas, inclusive arquitetas e arquitetos referenciais para nós e nossa entidade e, especificamente no Brasil, vivenciamos constantes ataques à nossa frágil e recente democracia e suas instituições. O isolamento social que nos impôs o coronavírus, evidenciou a importância vital da cultura para os seres humanos, e nos colocou diante da fragilidade da democracia ameaçada, reforçando o papel fundamental da sociedade civil organizada. Os desafios que enfrentamos nos últimos anos confirmou a necessidade de estarmos em permanente trabalho em prol de processos participativos e da radicalização do regime democrático, visando garantir mais acesso e mais direitos. O momento atual é de retomada, reorganização e reconstrução. Estes conceitos, aliados à cultura, democracia e diversidade devem orientar os três anos de trabalho voluntário que ora começamos no IAB. Pretendemos também que o IAB.DF se consolide como escola cidadã e que seja suporte para o exercício de posturas e das boas práticas que tanto cobramos de nossos governantes, como a busca pela transparência, respeito e instituição de processos participativos e com controle social. A virada do ano já foi de muito trabalho para nós: começamos a fazer um levantamento pormenorizado das condições físicas e fiscais dos bens imóveis do IAB.DF. Também começamos a organizar os acervos documentais e bibliográficos do Departamento, entendendo que possuímos um legado fruto de muito trabalho daqueles que nos antecederam anos atrás e das/os associados, com suas anuidades e doações. Os bens do IAB merecem nosso mais profundo respeito e responsabilidade e terão em nossa gestão. Já iniciamos a elaboração de um planejamento estratégico para o gerenciamento e a reorganização de nossa sede administrativa, além de muitas tarefas burocráticas inerentes à transição e início de gestão. Nesses três meses de gestão, estabelecemos a organização de nossa Comissão de Política Urbana - cujas reuniões talvez sejam nossa mais importante e duradoura ação, visto que congrega pessoas de diversas formações, classe social, local de moradia no DF, etc. para pensar e propor soluções para nossa metrópole Brasiliense e contribuir também com a política urbana e habitacional em nível nacional. Em breve vamos retomar nossa agenda atividades abertas ao público e eventos dedicados ao debate e desenvolvimento do urbanismo e da arquitetura, da ampliação do direito à cidade, à arquitetura e à cultura, além de potencializar trocas entre as/os profissionais associados ao IAB. A reunião Comissão de Política Urbana será a primeira dessas ações voltadas ao público, buscando, fortalecendo e estabelecendo novas pontes em prol do nosso DF e de nosso campo de atuação profissional e militante, formando massa crítica. Há muito trabalho a ser feito, muitas ideias, possibilidades e urgências. Para tanto, contamos com a contribuição de profissionais associados que são o sustentáculo de nosso departamento, seja por meio de doações, anuidades, parcerias e trabalho voluntário. Desde já convidamos a todas e todos para participar e ocupar o IAB.DF e seus espaços e nos ajudar a carregar nossas bandeiras históricas, como a luta intransigente para que projetos para obras públicas sejam escolhidos por meio de concursos nacionais de projeto, a promoção da arquitetura no Brasil, por meio de mostras e debates, a reforma urbana - conceito cunhado no âmbito do IAB que, em julho, faz 60 anos - Seminário do Quitandinha. E pegando o gancho do Quitandinha, me faz pensar que IAB é uma organização que tem se especializado em tramar: tramar no sentido de tecer, tecer redes para promover soluções e sonhos por meio da arquitetura e do urbanismo. Nessa trama, temos grandes conquistas: a criação do cau - luta de décadas do IAB, a sanção da lei de athis em 2008, que o IAB tanto contribuiu com as demais entidades, a criação do ministério e do estatuto das cidades - em grande parte escrito em nossa sede da L2 sul, sem contar mostras, seminários, congressos (nacionais e mundial), cursos… A responsabilidade de estar em uma organização - construída por trabalho dedicado, voluntário, e que se mede em décadas, não é pouca. O IAB, em 1922 se reunia, quando o presidente planejava inaugurar a pedra fundamental de Brasilia, localizada na charmosa Planaltina, para propor ao presidente da república que o projeto para a escolha da nova capital deveria ser por concurso público. Décadas depois, em 1956, depois de muita luta, o IAB logrou êxito e o resultado deste concurso é hoje este patrimônio Mundial em cujo coração estamos aqui reunidos agora. Cabe à nós agora, 101 anos depois, começar a forjar o futuro. E não há futuro possível se não começarmos uma guinada à revolução ambiental, à inclusão de pessoas marginalizadas e das periferias, que são centrais neste futuro que queremos. No presente, daremos continuidade às missões históricas do IAB, que é a luta pelo direito à cidade, à arquitetura, à memoria, à beleza, à habitação, à cultura. Meu muito obrigado a todas, todes e todos que estão aqui presentes e que estão contribuindo com essa construção coletiva sexagenária no DF e centenária no brasil! E falando em coletivo, eu estou aqui ocupando este púlpito, mas representando um grupo enorme. Algumas dessas pessoas estão aqui e gostaria de chamar ao palco. Peço o aplauso de vocês para cada integrante deste time IAB-DF: cultura, democracia e diversidade: Vice- Presidente - Maribel Fuentes Aliaga (colaborador: André Tavares) Diretora Administrativo Financeiro - Nádia Vilela Diretora Cultural e de Divulgação - Cecília de Almeida Silva Diretor de Articulação Institucional - Gabriel Couto Diretor Técnico - Leonardo Sá Diretora de Intercâmbio Acadêmico - Guiga Nery e Gê Gomes Coordenação da Comissão de Políticas Urbanas - Henrique Rabelo, Matias Ocaranza e Clarissa Sapori Coordenação da Comissão da Trienal de Arquitetura de Brasília - Juliette Lenoir e Cecília de Almeida Silva Coordenação Especial das Comissões e Articulação Política - André Tavares (Cargo não estatutário proposto para a gestão) Coordenação de comunicação - Juliette Lenoir e Cecília de Almeida Silva (Cargo não estatutário proposto para a gestão) Coordenação de patrimônio cultural - Julia Mazzutti e José Leme Galvão - (Cargo não estatutário proposto para a gestão) Comissão extraordinária de equidade de gênero e raça - Raquel Freire - (Cargo não estatutário proposto para a gestão) Conselheiras/os Superiores Titulares Conselheira - Luiza Rego Dias Coelho Conselheira - Raquel Freire Conselheira - Letícia Miguel Teixeira Conselheiro - José Leme Galvão Jr. Conselheiro - Antônio Carlos Moraes de Castro Suplentes Conselheiro - Raul Maravalhas Conselheiro - Caique Tomé Conselheiro - Gê Gomes Conselheiro - Heloísa Moura Conselho Fiscal Conselheira - Clarissa Sapori Conselheiro - João Augusto Pereira Júnior Nos encontramos na recepção onde estamos vendendo o livro do centenário do IAB, o livro Os Caminhos que Levam à Cidade, de nossa decana Vera França e Leite, e Arquitetura da Destruição, do companheiro Danilo Mattoso. Em seguida nos vemos no pavilhão anexo ao Museu para ouvirmos um pouco de música e batermos papo no bar da Fenea! Muito obrigado!
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Discurso de Maria Elisa Baptista, presidente do IAB Direção NacionalFotos: Toninho Barbosa Celebrar hoje o início dessa nova gestão, lado a lado com a comemoração de 63 anos do IAB-DF e com o lançamento − na agora de fato e de direito, capital do Brasil − do livro que registra a história do IAB, é uma alegria. O IAB conta sua história de muitos modos, e todos esses modos dirigem nosso olhar para o futuro.
Não o futuro irremediavelmente dado pelo passado de descuido e destruição que construímos, mas o porvir, o que poderá ser, se o passado que o constituir for outro, como diz Slavoj Žižek. Não é pouca coisa lançar mão do que sabemos sobre a memória, como o facho de luz que nos ilumina o caminho. A memória lê, sempre parcialmente, a história. Dá relevo ao que nos anima, ao que nos faz querer viver, por sobre os escombros do violento percurso de uma suposta civilização e um volátil (e também suposto) desenvolvimento econômico. O registro dessa memória − rigorosa porque afetiva − pede o reconhecimento dos lugares, das coisas e das palavras que nos humanizam, e pede a festa e a comemoração com as pessoas que tornam tudo isso possível. Nada mais incrível que a celebração de hoje se dê no dia seguinte à solenidade de entrega do Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos ao IAB-DF, por sua atuação pelo direito à cidade, à moradia, à cultura e à arquitetura. Atuação que promete continuar, registrada nas palavras escolhidas pelo grupo que hoje toma posse: cultura, democracia e diversidade. A arquitetura e o urbanismo são elementos insubstituíveis na construção continuada da democracia. A prática cotidiana dessa certeza – registrada nesse livro vermelho, celebrada no prêmio recebido, e prometida nessa posse – é que faz do percurso do IAB um caminho para um país generoso, para uma vida plena para todas as pessoas, para um mundo em que possamos todos viver. Imagino que, hoje, adiamos mais um pouco o fim do mundo, como nos recomenda Ailton Krenak. Parabéns Luiz, Parabéns, arquitetas e arquitetos do Distrito Federal. Ganhamos todos, ganhamos todas nós. Vida longa ao IAB-DF! Pronunciamento do presidente Luiz Eduardo Sarmento por ocasião do início das atividades do CEAU.CAU.DF em 2023 Boa tarde a todas e todos. Boa tarde colegas representantes das entidades que conformam o CEAU.DF. Boa tarde presidente do CAU.DF, conselheiros e servidores.
Poucos conselhos profissionais - autarquias públicas à serviço da sociedade - podem se beneficiar da existência de entidades profissionais tão ativas. Este é um dado importante e potencializador para o que o CAU pode ser. Neste CEAU.DF (Colegiado de Entidades Distritais de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal - CAU.DF) temos o centenário IAB, a FNA, a Abap, a Asbea, a Abea, a Fenea, entidades que ao longo de sua existência trataram da necessidade de se criar um conselho de arquitetura e urbanismo e, em maior ou menor grau, lutaram para que o CAU fosse hoje uma realidade. Falando pelo IAB, posso garantir que esta luta pelo Conselho próprio percorre toda nossa história. Fomos fundados em 1921 por 27 profissionais que visavam organizar a profissão de arquiteto no Brasil, com metas práticas como definir a tabela de honorários, dentre outras atividades que, com o tempo, foi ficando evidente que deveriam ser tratadas também por meio de um braço do estado brasileiro. A existência das entidades pode permitir muitos avanços na profissão e mesmo na gestão do CAU - complementando e realizando ações que o Conselho não teria condições, seja por falta de pessoal ou necessidade de focar em temas que as entidades não podem se debruçar, como a fiscalização e poder de polícia que o CAU tem; ou em iniciativas em que é legalmente impedido. As entidades podem ampliar ainda mais as possibilidades de gestão participativa de nosso Conselho - seja na implementação de orçamento participativo; contribuindo com a curadoria e organização de eventos ou mesmo na promoção de debates políticos e técnico-políticos. As entidades gozam de autonomia e liberdade de ação que, em conjunto com a infraestrutura e capital humano do CAU, significa potência. Sempre que o Estado (ou mesmo um braço dele) atua em conjunto com a sociedade civil organizada, os resultados tendem a ser adequados, positivos. As entidades também têm a possibilidade de tratar, com enorme profundidade, de temas específicos. Alguns assuntos, por exemplo, são tratados pelo IAB há mais de um século, outros tantos assuntos, há muitas décadas. Há muito acúmulo de conhecimento nas entidades. Nesse sentido, o CAU.DF, que possui diversas atribuições legais - e fiscalizar talvez seja a principal delas, já que é uma atribuição que nenhuma entidade pode fazer (reforço esse ponto!) - pode ser valer da capacidade de debate, acúmulo, formulação, articulação, execução e capilaridade das entidades. Um dos meios para esse trabalho conjunto - que amplia enormemente as ações de cada organismo, é por meio dos editais de fomento/patrocínio promovidos pelo CAU - e aqui entendemos que precisam ser ampliados ao limite do possível, como alguns CAUs UF tem feito. Tais iniciativas estão em consonância com o estabelecido com a Lei Federal nº 13.019, DE 31 DE JULHO DE 2014, que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias. A lei busca garantir, dentre outras coisas, “o reconhecimento da participação social como direito do cidadão”, fortalecer as possibilidades de acompanhamento da sociedade por meio da “integração e a transversalidade dos procedimentos, mecanismos e instâncias de participação social” e, principalmente, a Lei 13.019 tem como objetivo “a promoção, o fortalecimento institucional, a capacitação e o incentivo à organização da sociedade civil para a cooperação com o poder público”. Muito pode ser feito, e sugerimos verificar a possibilidade de: - Editais específicos de Ocupação da Galeria do CAU.DF; - Editais de “ajudinha”, à exemplo do CAU.RS, que tanto tem democratizado o acesso aos recursos do CAU e potencializado ações importantes e que não encontram guarida em outros cantos; - Ampliação dos editais de patrocínio do CAU.DF ao limite do possível; - Editais específicos para publicação de livros; - Ampliar os editais para fomentar a Athis na prática. Pensamos ser fundamental que tais editais sejam lançados levando-se em conta prazos exequíveis, entendendo que a função da transferência de recursos é também uma forma de fortalecer a organização da sociedade civil - para tanto, entendendo as dificuldades e a natureza da sociedade civil organizada, que não são empresas ou repartições públicas - que necessita se organizar para tais empreendimentos, montando equipes por projetos, mobilizando trabalho voluntário, etc. É preciso tempo e previsibilidade para que as organizações da sociedade civil submetam projetos em editais. As sugestões acima, previstas em lei, permitem fortalecer os espaços de acolhimento, construção coletiva e escuta no CAU. Isso só pode fortalecer o Conselho e a sua missão primordial de defender a sociedade dos maus profissionais. Colocado estes pontos, faz-se necessário entender e publicizar sempre o papel das entidades e o papel do CAU. Divulgar os papeis, as atribuições, penso ser também uma tarefa fundamental para o CAU hoje. Maior conhecimento evitaria cobranças indevidas por parte dos arquitetos, ao mesmo tempo que fortaleceria as entidades fundadoras ao reconhecer e fazer saber das suas funções primordiais. Por fim, colocamos o Departamento do IAB no DF em permanente disposição para atuar com o CAU e aqui cito um exemplo de ação que gostaríamos de fazer conjuntamente: avançar na criação de uma estrutura de guarda de acervos de arquitetura em Brasília - tão importantes e tão ameaçados. Acreditamos que é fundamental um CEAU forte: que cobre, fiscalize, proponha e auxilie no aprimoramento do Conselho. Por vezes, para que haja aprimoramento é preciso haver críticas. Conhecendo as entidades e falando pelo IAB.DF, qualquer crítica é sempre acompanhada de proposições, de ideias, de projetos, de força e vontade de trabalho. E esta capacidade de trabalho das entidades é melhor ilustrada quando lembramos que, ao agir conjuntamente, voluntariamente, um dos resultados foi a criação deste CAU. O IAB.DF, compreendendo a relevância desse espaço consultivo do nosso conselho, tratará o CEAU, nessa gestão que se inicia, como prioridade. Brasília, 16 de fevereiro de 2023 (crédito: Andrey Rosenthal Schlee) Em evento organizado pelo jornal Correio Braziliense, o arquiteto e urbanista Andrey Rosenthal Schlee, diretor do Depam-Iphan e professor titular da Universidade de Brasília, destacou, em sua fala, a importância do IAB na qualificação da arquitetura e urbanismo no Brasil por meio da promoção de concursos públicos nacionais de projeto e da luta do Instituto para que obras públicas sejam realizadas a partir de projetos escolhidos por concursos públicos de projetos.
O IAB organiza concursos de projetos há mais de um século, alcançando resultados excepcionais e obras de referência e qualidade superior. Recentemente, mais uma edificação fruto de concurso público organizado pelo IAB.DF e realizado pela ApexBrasil foi destaque mundial. O Pavilhao do Brasil na Expo Dubai 2022 foi escolhido, por meio de voto popular, como um dos dez prédios mais importantes do ano pela plataforma Archdaily. Elogiando a presença do IAB.DF no evento, Andrey destacou que "é importante a presença do IAB aqui porque o IAB tem sido um parceiro de todas as cidades brasileiras no sentido de desenvolver Concursos Públicos. E vejam a qualidade que os concursos estão incorporando nas nossas cidades." Tratando especificamente do Conjunto Urbano de Brasília, o diretor reforçou a ideia de que tombamento não é engessamento e que as gerações atuais podem e devem atuar sobre o patrimônio, qualificando-o. "Não podemos impedir que as gerações contemporâneas contribuam com ela. É um contrassenso a gente imaginar que apenas a geração do Lucio Costa, do Oscar Niemeyer foi capaz ou teve condições de projetar algo bom pra esse país. Nós temos que permitir que as gerações contemporâneas, que estão sendo formadas pelas escolas de arquitetura, que estão sendo colocadas em prova pelos concursos do Instituto de Arquitetos do Brasil, só para citar duas instituições presentes, não têm condições de apresentar coisas boas para Brasília. Claro que tem. Então eu acho que cada vez mais a gente tem que lutar para preservar e transformar, no sentido de melhorar, aquilo que está preservado. Não é um congelamento e nunca foi um congelamento o que se pensou para Brasília, e ai mais um vez basta ler os textos do Lucio Costa, do Italo Campofiorito pelo Iphan, que quando estavam pensando como que se daria o tombamento de Brasília na década de 80, trocando cartas e correspondências, a noção clara de uma cidade que se transforma e que terá que se transformar, sempre pra melhor, é claro.” Confira registro completo em: CORREIO DEBATE - ENTRE OS EIXOS DO DF 2ª EDIÇÃO: QUEM AMA PRESERVA | 28.02.2023 - YouTube Referência: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/02/5076844-diretor-do-iphan-reforca-que-e-necessario-defender-o-patrimonio-de-brasilia.html IAB-DF participa de evento promovido pelo Correio Braziliense sobre a preservação de Brasília2/3/2023 O Conselheiro Superior do Instituto Arquitetos do Brasil (IAB-DF), José Leme Galvão, pontua que conservação do conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília também é uma intervenção - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press) Com o tema "Quem ama preserva", o Correio Braziliense promoveu a segunda edição do Entre os Eixos, que reuniu autoridades, especialistas e membros de organizações da sociedade civil para debater sobre os desafios da preservação do patrimônio cultural de Brasília, na tarde de ontem. Na abertura do evento, o arquiteto José Leme Galvão, o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal Georges Carlos Fredderico Moreira Seigneur e o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Wellington Luiz (MDB), destacaram a importância de se debater temas relacionados à proteção ao acervo urbanístico e arquitetônico da capital do Brasil. José Leme Galvão, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e conselheiro do Instituto Arquitetos do Brasil (IAB-DF), lembrou que há sempre polêmica a respeito do que pode ou não ser conservado do acervo da cidade, mas que as dúvidas se concentram principalmente em como preservar aquilo que é tombado. "Não há nada na cidade que não tenha sido incluído dentro do tombamento", reforça o arquiteto. Questionado sobre os desafios de modernizar e, ao mesmo tempo, conservar, Leme é taxativo. "Brasília já é moderna. O que ela precisa é de intervenções de qualidade. Bom lembrar que conservar também é uma intervenção, desde a manutenção mais simples até as mais complexas". Segundo José, Lucio Costa, responsável pelo traçado urbanístico da capital, não tinha como prever as mudanças que a cidade viveria futuramente, mas que projetou uma cidade com espaços generosos, que possibilitam a interatividade urbana. "Essa interatividade pode ser entendida como a acessibilidade somada à mobilidade", explica. Procurador-geral da Justiça do DF, Georges Carlos Fredderico destacou que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) criou, há mais de 20 anos, promotorias especializadas para tratar da ordem urbanística. "O MP caminha com esse desafio de acompanhar a modernização, que é latente e presente, mas preservando aquilo que fez de Brasília um lugar especial", pontua. Por esse motivo, Moreira ressalta a importância de criar debates como o feito pelo Correio. "Fundamental para avançar nas ideias e buscar soluções para que nós não nos afastemos da modernidade e continuemos a preservar a nossa Brasília", enfatiza. Para Georges Carlos, Brasília ser considerada um patrimônio cultural mostra o carinho e a atenção que a população que mora na cidade aqui deve ter com esse tema. "Brasília é conhecida mundialmente pela sua arquitetura e pelos traços urbanísticos. As tesourinhas dentro do nosso quadrilátero são pontos conhecidos em todo o Brasil, além de toda a forma que a cidade é colocada dentro das asas de um avião", comentou o procurador-geral. Ainda sobre os desafios de preservação, o Georges Carlos abordou a questão da mobilidade urbana na capital, pontuando que é necessário trazer mecanismos novos conciliados com a história de Brasília, além de destacar que é fundamental trazer um transporte coletivo de mais qualidade para a população que tanto necessita. "É uma forma inclusive de preservação da própria cidade, porque um melhor transporte coletivo leva a um número menor de veículos transitando e acaba tendo um estresse menor no tráfego de pessoas e na necessidade de construção de vias. Esse é um desafio que acho que o DF não tem como fugir mais", frisa. Wellington Luiz marcou presença no encontro e disse que a Casa está atenta às questões relacionadas à preservação do conjunto urbanístico de Brasília. "A Câmara está buscando meios de escuta da população, arquitetos e outros especialistas, como forma de subsidiar a produção de leis que possam atender aos interesses da cidade sem deixar de preservar o patrimônio", declarou o distrital. "Mas a nossa participação não deve ser só na produção de lei, mas também na destinação de emendas parlamentares que ajudem na conservação da cidade", conclui. Relevância O fato de ter nascido junto a Brasília e por ter acompanhado todas as intensas mudanças pelas quais a capital passou, e ainda passa, o Correio é o melhor espaço para promover os debates de relevância para o desenvolvimento da cidade. "A preocupação com a preservação da capital do país faz parte do DNA do Correio, que acompanha a vida da cidade desde o começo. O projeto Entre os Eixos é mais uma ferramenta para unir ideias, propostas e pessoas em torno da cidade, ressalta Guilherme Machado, vice-presidente executivo do Correio. Assim como Machado, o diretor financeiro do Correio, Leonardo Moisés, também celebra o projeto. "O título de Patrimônio Cultural da Humanidade que a nossa querida Brasília conquistou, em 1987, da Unesco é o maior reconhecimento da obra de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. E nós, brasilienses, é que recebemos esse presente. É missão do Correio ser o protagonista dessas discussões", afirma. "Cultura é uma questão de educação, por isso a importância dessa discussão", conclui. Para a superintendente de marketing do Correio, Valda César, a preservação da capital é de fundamental importância para as futuras gerações. "Ninguém melhor que o Correio para abrir suas páginas e suas plataformas digitais para tratar desse tema tao relevante", reforça. Nosso patrimônio Brasília foi considerada patrimônio da humanidade pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em dezembro de 1987. Pouco tempo antes de completar 28 anos, a jovem capital do Brasil já figurava ao lado de cidades como Paris, Veneza, Cairo e Jerusalém, também declaradas patrimônio mundial. O caso de Brasília foi inédito, porque todas as outras já tinham centenas de anos de existência. Assista Entre os Eixos do DF: entrevista com José Leme Galvão (Conselheiro do IAB) - YouTube Este artigo foi publicado originalmente no portal https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/03/5076914-debate-promovido-pelo-correio-aponta-caminhos-para-preservar-brasilia.html
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