Créditos: Alê Bastos/Mandato Fábio Felix. O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB-DF) participou, nesta terça-feira (18/03), de uma reunião na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), atendendo ao convite do deputado distrital Fábio Félix. O encontro teve como principal objetivo a apresentação da proposta do parlamentar para a realização de uma sessão solene em homenagem aos 65 anos do IAB-DF, celebrados no próximo dia 20 de março. A entidade foi recebida pelo deputado e por seu chefe de gabinete, Thiago Carvalho Pereira.
Fundado em 1960, antes mesmo da inauguração oficial de Brasília, o IAB-DF tem desempenhado um papel fundamental na luta pelo desenvolvimento urbano e territorial sustentável e socialmente justo, na defesa do patrimônio cultural e no direito à cidade e à arquitetura. Além disso, a entidade tem sido protagonista na organização de concursos públicos para projetos arquitetônicos, incluindo a seleção do Plano Piloto de Brasília. Política Distrital de Arborização Urbana Durante a reunião, o presidente do IAB-DF, Luiz Eduardo Sarmento, elogiou a iniciativa do deputado Fábio Félix referente ao Projeto de Lei Complementar que institui a Política Distrital de Arborização Urbana e de Combate às Desigualdades Ambientais. A proposta busca ampliar a cobertura vegetal em áreas urbanas do Distrito Federal, reduzir desigualdades ambientais e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Dados apresentados pelo parlamentar apontam uma disparidade significativa na distribuição de áreas verdes no DF. Regiões centrais, como o Plano Piloto, possuem uma arborização consolidada, enquanto áreas periféricas apresentam cobertura vegetal reduzida. Entre 2023 e 2024, por exemplo, foram plantadas 7.841 árvores no Plano Piloto, em contraste com apenas 18 em Santa Maria e 16 em Samambaia. "A arborização urbana deve ser um direito de todos, pois impacta diretamente a qualidade de vida da população, reduzindo ilhas de calor, melhorando a umidade do ar e contribuindo para a biodiversidade", ressaltou Fábio Félix. Visita aos Conjuntos Habitacionais no Sol Nascente O deputado também relatou sua recente visita aos trechos 1 e 2 do Sol Nascente, onde conheceu os conjuntos habitacionais entregues pelo programa Minha Casa Minha Vida. Ele destacou a qualidade arquitetônica dos projetos, escolhidos por meio de concursos públicos nacionais promovidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB) entre 2015 e 2019, com apoio do IAB-DF, que atendeu a um convite do Governador Rodrigo Rollemberg. "Foi emocionante ver moradias bem projetadas para famílias de baixa renda, com ventilação cruzada, fachadas bem desenhadas, pátios internos e comércios no térreo. Esse tipo de habitação digna deveria ser regra, e não exceção", afirmou Félix. O parlamentar comprometeu-se a auxiliar na divulgação dessas iniciativas arquitetônicas bem-sucedidas, que muitas vezes não recebem a devida atenção da mídia e acabam desconhecidas pelo grande público. Promoção da Diversidade e Segurança Urbana Outro tema abordado na reunião foi a segurança nas passagens subterrâneas do Eixão. A conselheira do IAB-DF, Luísa Coelho, ressaltou a vulnerabilidade das mulheres nesses espaços e defendeu soluções para tornar o ambiente urbano mais seguro. "Precisamos garantir que as cidades sejam planejadas levando em consideração a segurança de todas as pessoas, especialmente das mulheres, que são mais expostas a riscos nesses locais", destacou. Ela também mencionou ações do IAB-DF em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Ministério das Mulheres, voltadas para a promoção da diversidade e da equidade de gênero no planejamento urbano. Sessão Solene em Homenagem ao IAB-DF A reunião foi considerada produtiva e apontou para futuras parcerias ao longo de 2025, aproveitando o aniversário de 65 anos do IAB-DF e de Brasília como um momento de reflexão e ação. O deputado Fábio Félix reforçou a importância da atuação do IAB-DF na construção de uma cidade mais democrática e sustentável e confirmou a realização da sessão solene em homenagem à entidade e aos profissionais que, ao longo de seis décadas e meia, contribuíram voluntariamente para a qualificação dos espaços urbanos no Distrito Federal e no Brasil. O evento será uma oportunidade para reconhecer a relevância do IAB-DF e fortalecer o debate sobre o futuro da arquitetura e do urbanismo na capital federal.
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Legenda: Eder Alencar, Matheus Seco e Luciana Saboia © Maressa Andrioli Fundação Bienal de São Paulo A partir do projeto curatorial Intelligens. Natural. Artificial. Collective, idealizada pelo curador Carlo Ratti, a Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 deste ano se aprofunda nas três dimensões da inteligência - natural, artificial e coletiva, propondo a comunidade arquitetônica global a discutir soluções para o desafio premente das mudanças climáticas. No contexto desta edição, a Fundação Bienal de São Paulo anuncia o projeto curatorial e o título da exposição que ocupará o Pavilhão do Brasil no evento. Com o nome (RE)INVENÇÃO, a mostra conta com a curadoria da arquiteta Luciana Saboia e dos arquitetos Matheus Seco e Eder Alencar, do grupo Plano Coletivo. O projeto parte de uma reflexão sobre as recentes descobertas arqueológicas de infraestruturas ancestrais do território amazônico para considerar as contradições e questionar condições socioambientais da cidade contemporânea. Os curadores são egressos da Universidade de Brasília. Todos possuem um grande repertório de projetos em diferentes áreas de atuação profissional na arquitetura, destacando-se o trabalho dos escritórios brasilienses ARQBR Arquitetos e BLOCO Arquitetos, dos quais Eder e Matheus são, respectivamente, sócio-fundadores. Já a arquiteta Luciana Saboia, que é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, possui pesquisas acadêmicas e projetos de grande relevância para a área. Segundo o site do Coletivo: O Plano Coletivo é um grupo de arquitetos, professores e pesquisadores que possuem interesses e formações diversos e colaboram de forma livre em torno de dois objetivos comuns: discutir o território urbano como narrativa crítica e refletir sobre arquitetura como ação socioambiental. É com essa bagagem e preocupação que o trio de curadores optou por nomear a exposição de (RE)INVENÇÃO, tratada em dois atos e descrita como a construção de uma narrativa que atravessa tempos e territórios. Serão, segundo os autores, exploradas as mais diversas interpretações de infraestrutura e paisagem, como aquelas realizadas pelos povos indígenas há mais de 10 mil anos, como também projetos, pesquisas e práticas em arquitetura que trabalham a ressignificação da cidade. Uma das formas de retratar as influências brasilienses e da região centro-oeste na exposição foi a Plataforma-Jardim, descrita pelos profissionais como uma estrutura linear com jardim em toda a sua extensão, que anteriormente necessitava de constante irrigação, foi substituída por espécies nativas ou adaptadas à temporalidade do Brasil Central. O jardim naturalista de flores, capins e plantas savânicas nasce, cresce, floresce e seca acompanhando a sazonalidade do bioma do Planalto Central em uma grande plataforma existente de estrutura pré-moldada em concreto protendido. ![]() Estudos de pesos e contrapesos, 2025, Plano Coletivo / © cortesia Fundação Bienal de São Paulo. O grupo Plano Coletivo ainda conta com a participação de outros arquitetos, professores e pesquisadores. Três deles também são egressos da Universidade de Brasília: André Velloso (sócio do ARQBR), Daniel Mangabeira e Henrique Coutinho (sócios do BLOCO) são membros do grupo e colaboram diretamente com o projeto. A decisão sobre quem representa o país na Bienal é feita através de um Comitê estabelecido pela Fundação Bienal de São Paulo, que conta com representantes da própria Fundação, do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB e dos Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. A participação do Brasil na Bienal é viabilizada por uma parceria entre a Fundação e os Ministérios. É possível ver mais do projeto e ter atualizações através do site da Bienal e da página dos Arquitetos no Instagram: @ederalencar @saboia_luciana @matheusseco 1. Perspectiva interna (RE)INVENÇÃO / © cortesia dos autores, Fundação Bienal São Paulo;
2. Geoglifos encontrados no estado do Acre, Brasil, 2022, Diego Gurgel / © cortesia do fotógrafo; 3. “Plataforma Jardim” - Jardim de Sequeiro – ICC, realizado por Julio Pastore e Oscar Niemeyer, 2021, Joana França / © cortesia da fotógrafa; 4. Arrimo Habitado - Restaurante oati, realizado por Lina Bo Bardi e João Filgueiras Lima, 2014, Joana França © / cortesia da fotógrafa; 5.Jardim de Sequeiro, Instituto Central de Ciências, Universidade de Brasília, Brasil, 2023, Julio Pastore / © cortesia do fotógrafo O Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF) e o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB-DF) assinaram, na última terça-feira (11), um Acordo de Cooperação Técnica. A solenidade ocorreu na sede do IHG-DF, na Asa Sul, e contou com a apresentação da marca e do selo comemorativo dos 65 anos do Instituto.
O IHG-DF foi fundado em 8 de dezembro de 1960, mesmo ano da criação do IAB-DF, ocorrido um pouco antes, em 20 de março. A identidade visual da efeméride foi desenvolvida por Luiz Eduardo Sarmento, presidente do IAB-DF, que formalizou a doação do trabalho durante o evento. A cerimônia reuniu, na mesa de honra, o presidente do IHG-DF, Paulo Castelo Branco, além do diretor de Relações Institucionais, Sr. Jorge Cartaxo, e da diretora do Centro de Documentação da entidade, Sra. Lenora Barbo. Pelo IAB-DF, participaram o presidente Luiz Eduardo Sarmento. O ato contou ainda com a assinatura de testemunhas, os arquitetos Antônio Carlos Moraes de Castro e Sylvia Ficher. O acordo de cooperação entre as instituições tem como objetivo fortalecer a parceria para a promoção de atividades técnicas e culturais, com foco inicial na preservação da memória e do patrimônio cultural de Brasília, bem como na organização dos acervos históricos das entidades, que contam com importantes - e ainda pouco conhecidos - documentos sobre a capital. Entre os documentos preservados pelo IHG-DF, destacam-se registros e instrumentos do engenheiro Joffre Mozart Parada, utilizados na demarcação do marco zero de Brasília, além da ata de fundação do Instituto, assinada por Juscelino Kubitschek. Já no acervo do IAB-DF, encontra-se um documento inédito de 1922, no qual os arquitetos fundadores da entidade defendem a escolha do projeto de Brasília por meio de concurso público e a contratação da obra via licitação – um registro relevante sobre a atuação da categoria na defesa de boas práticas para projetos e obras públicas. A parceria entre o IHG-DF e o IAB-DF, firmada em um ano de celebrações e reflexões sobre a história da capital, representa um importante passo na valorização e preservação da memória de instituições que ajudaram a construir e consolidar Brasília e que agora buscam construir caminhos para um futuro mais justo e qualificado para o DF. Crédito das Imagens: IHG-DF ![]() Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Distrito Federal, é eleito para mais um mandato no Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan). Quatro entidades da sociedade civil organizada foram escolhidas para preencher as vagas remanescentes no Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan) para o mandato 2025-2026. A votação ocorreu nesta quinta-feira (16), durante reunião pública realizada na sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF). A reunião pública foi conduzida pelo secretário adjunto substituto de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Daniel Rito. Quatro entidades foram eleitas: • Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF); • Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea/DF); • Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do Distrito Federal (Codese/DF); • Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB/DF). O Conplan é um órgão colegiado de caráter consultivo e deliberativo, responsável por auxiliar a administração pública na formulação, análise, acompanhamento e atualização das diretrizes e instrumentos de implementação da política territorial e urbana. O conselho é composto por 34 membros, sendo 17 representantes da sociedade civil, selecionados por meio de chamamento público, e 17 representantes do poder público. A ativa participação do IAB-DF no Conplan nas últimas décadas tem focado em garantir a qualidade dos projetos arquitetônicos e urbanísticos para o DF, a gestão participativa do espaço urbano, a preservação do patrimônio cultural e a sustentabilidade ambiental nos espaços construídos e justiça territorial. Com o resultado da eleição, que garantiu mais um mandato ao IAB-DF, o presidente da entidade, arquiteto e urbanista Luiz Eduardo Sarmento observou que "o IAB, mais uma vez, terá a oportunidade de contribuir, com seu conhecimento técnico acumulado ao longo de 65 anos em Brasília, com a qualificação dos espaços construídos e naturais do DF e com a qualidade de vida da população", destacando que "a luta pelo direito à cidade e à arquitetura são bandeiras históricas do IAB. Seguiremos hasteando essas bandeiras nesse importante conselho". *Com informações da Agência BrasíliaClique aqui para editar. | Amílcar Coelho Chaves |
23 de maio de 1944 - 9 de janeiro de 2025 O Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Distrito Federal (IAB/DF) e a Direção Nacional do IAB lamentavelmente cumprem o doloroso dever de comunicar o falecimento do abnegado ativista Amilcar Coelho Chaves. Pioneiro de Brasília que, ainda adolescente, aqui chegou com a família antes da inauguração da cidade. Ingressou na UnB em 1963, nas primeiras turmas, e se graduou em arquitetura e urbanismo em 1967. Foi presidente do IAB/DF no início da década de 70 e logo em seguida Secretário Geral da Direção Nacional do IAB e, por diversas gestões, foi conselheiro nacional da entidade, integrando o Conselho Superior (COSU-IAB). Especialmente na década de 70, Amílcar desempenhou importante papel no debate público em defesa do projeto urbanístico original para Brasília e de um desenvolvimento urbano com qualidade para o DF. Foi um dos organizadores do I Seminário de Estudos dos Problemas Urbanos de Brasília, realizado no Senado Nacional em 1974, evento que contou com a presença de Lucio Costa e outros arquitetos e urbanistas proeminentes. Em seu discurso no evento, Amílcar destacou a urgência de um “planejamento urbano unificado e abrangente de Brasília e sua região”, tema que segue absolutamente atual. O arquiteto foi um incansável lutador pela volta da democracia no Brasil. Deixa um legado de relevantes e inestimáveis serviços prestados para as organizações de arquitetos e urbanistas do país e importantes contribuições para a compreensão e debates dos problemas urbanos e ambientais desta cidade que adotou e ajudou a construir. Em agosto de 2024, por sugestão do IAB/DF, Amílcar foi um dos homenageados no Senado Federal na Sessão Solene em comemoração aos 50 anos do seminário de 1974. Para o presidente do IAB/DF, arquiteto Luiz Eduardo Sarmento, “a perda de Amílcar representa uma enorme vazio, não apenas por um dedicado colega às causas da profissão, mas de um pioneiro de Brasília que lutou incansavelmente contra as iniciativas governamentais, principalmente no período da Ditadura Militar, quando a UnB e o projeto de Lucio Costa para o Plano Piloto de Brasília estavam sendo ameaçados de serem completamente descaracterizados. Nos últimos meses Amílcar estava empenhado em ajudar o IAB/DF no registro da história da arquitetura e urbanismo em Brasília, com destaque para os momentos mais duros da ditadura militar mas também resgatando as propostas formuladas pelo instituto para a melhoria dos espaços urbanos de Brasília e pela qualidade de vida da população do DF.” Sentiremos sempre sua falta. Resquiecat In Pace, valoroso companheiro. Está em curso, nos arquivos do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB/DF), o Projeto Revela, que visa promover a organização, a catalogação e o tratamento técnico do acervo documental do IAB/DF. Essas ações têm permitido a descoberta de documentos relevantes para a história do IAB ou da arquitetura e do urbanismo. Encontramos, por exemplo, diversas pranchas do projeto definitivo (à época) do IAB, a Casa dos Arquitetos de Brasília, de autoria de Oscar Niemeyer, aprovado pelo GDF (Governo do Distrito Federal) para iniciar obras.
O projeto de Niemeyer previa um térreo com lojinhas em ilhas dispostas em um pilotis de livre circulação. No subsolo haveria 11 salas comerciais para aluguel ou venda pelo IAB e grande salão de exposições. No primeiro piso existiriam mais 13 salas comerciais. No segundo pavimento, em salas integradas com jardins, Niemeyer pensou as sedes do IAB Nacional e do IAB/DF, com secretaria compartilhada, além de uma biblioteca, um espaço de estar e um restaurante. A Casa dos Arquitetos seria construída em terreno de propriedade do IAB na W3 norte, quadra 509. Esse projeto, infelizmente, nunca foi realizado. Em abril de 1977 o terreno foi vendido. Essa venda permitiu a compra de um lote na quadra 603, na L2 sul, em Brasília, onde deveria ser construída nova sede definitiva do IAB. Por sua vez, essa nova sede tampouco foi construída. Atualmente o IAB/DF está localizado em salas comerciais do Setor Comercial Sul – por ironia, no edifício Oscar Niemeyer. O Projeto Revela conta com o patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), por meio do Edital CAU/DF 2/2024. O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB/DF) acumulou documentação significativa desde os anos 60. No entanto, devido à limitação de recursos, seu acervo documental nem sempre contou com boas condições de guarda. Em meados da década de 2010, os documentos encontravam-se mal-acondicionados e dispersos em três imóveis: na sede social da entidade, localizada na SGAS 603; no escritório do Instituto (sala 206) e no depósito (sala 202), ambos localizados no edifício Oscar Niemeyer, no Setor Comercial Sul.
A dispersão do acervo do IAB/DF, misturado a outros objetos sem relação com os de interesse cultural, era um problema a ser resolvido para salvaguarda da documentação relevante. O acervo que se encontrava na sede, em particular, estava sob grande risco, devido à presença de umidade excessiva, bem como à infestação de roedores e xilófagos. A reunião do acervo do IAB/DF em espaço único ocorreu em junho de 2017, quando o conjunto de arquivos e parte da biblioteca encontrada na sede (SGAS 603) foram transferidos para o escritório do edifício Oscar Niemeyer. Pela primeira vez em décadas, o acervo documental do IAB/DF estava reunido em um mesmo endereço, sob melhores condições de guarda e conservação, o que permitiu conhecer sua real dimensão. Desde 2017, várias iniciativas foram colocadas em operação para valorizar o acervo. Atualmente, o IAB/DF está executando o Projeto Revela, que deverá organizar, tratar e catalogar os documentos do Instituto. Ao final do projeto, o acervo estará sistematizado, e será publicado um catálogo dos documentos disponíveis. O Projeto Revela tem permitido a descoberta de documentos relevantes para a história do IAB ou da arquitetura e do urbanismo. Um desses documentos é a cópia da Ata de fundação do então Departamento de Brasília do Instituto de Arquitetos do Brasil, de 28.11.1960. Na ocasião, foi aprovado o primeiro estatuto do IAB/DF. Uma das finalidades do instituto, de acordo com aquele estatuto, era “proporcionar aos arquitetos residentes na Capital Federal meios de coordenar seus esforços na defesa da profissão e no desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo”, o que continua sendo a bandeira principal do IAB. O Instituto era presidido pelo arquiteto Wilson Reis Netto e, na assembleia que aprovou o primeiro estatuto, estavam presentes nomes importantes da arquitetura e do urbanismo de Brasília, como Hermano Montenegro (autor do projeto do TJDFT), Gladson da Rocha (fundador do curso de arquitetura e urbanismo da Uniceplac), Lucio Marinho Estelita (autor do projeto do HFA), Glauco Campello (ex-presidente do Iphan), Germano Galler (autor do projeto da Escola Normal de Brasília), Sabino Barroso (integrante da equipe de Niemeyer e ex-diretor do Iphan), Donar Techmeier (autor do projeto dos abrigos de ônibus em forma de onda). O Projeto Revela conta com o patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), por meio do Edital CAU/DF 2/2024. O Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Distrito Federal (IAB-DF) vem a público manifestar sua profunda preocupação com a descaracterização do edifício da antiga Sede I do Banco do Brasil. Este edifício, de extrema relevância para o conjunto urbanístico de Brasília e para a história da arquitetura moderna, está classificado como uma edificação de interesse de preservação pela legislação que estabelece o PPCUB. Além disso, há dois processos de tombamento relacionados a esta construção. O primeiro processo foi protocolado em 2015, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). O segundo processo foi solicitado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Distrito Federal (IABDF) em conjunto com o CAU/BR, junto à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, para o tombamento distrital da edificação. A antiga Sede 1 do Banco do Brasil é uma construção importante e única, representativa do movimento moderno em Brasília. Projetada pelo arquiteto Ary Garcia Roza, o edifício foi inaugurado juntamente com a nova capital. Garcia Roza foi presidente do IAB na época da promoção do Concurso Público Nacional de Projeto para a escolha do Projeto da Nova Capital, e havia anteriormente vencido o concurso para a nova sede do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Nos primeiros anos da capital, o presidente Juscelino Kubitschek convidou Oscar Niemeyer para projetar a nova sede do Banco do Brasil, mas Niemeyer recusou o convite, recomendando que Ary Garcia Roza fosse o escolhido, dado seu mérito por ter vendido o concurso para construção da nova sede do banco na antiga capital. A implantação da antiga Sede I no Setor Bancário Sul é diferenciada, sendo o prédio mais alto dessa área. Sua localização em frente a uma grande praça realça a importância da edificação, em conformidade com a proposta de Lucio Costa para Brasília. Apenas dois prédios tiveram esse tratamento na área central: o do Banco do Brasil, na Asa Sul, e a sede dos Correios, na Asa Norte. Apesar do tombamento federal e distrital do Conjunto Urbanístico de Brasília, o edifício da antiga Sede I do Banco do Brasil, com processos de tombamento em curso e classificado como de interesse de preservação no PPCUB, corre o risco de sofrer mais intervenções que comprometam sua integridade. Diante disso, o IAB-DF solicita ao Governo do Distrito Federal (GDF), que, em articulação com o Iphan, que corretamente e prontamente embargou as obras, adote medidas para impedir novos danos ao patrimônio cultural de Brasília. Nos últimos anos, o IAB-DF tem acionado os órgãos competentes em resposta a denúncias de arquitetos e cidadãos sobre supostas demolições internas no edifício. Também tem questionado o andamento dos processos de acautelamento da edificação. A edificação possui acabamentos e soluções sofisticadas e muito inovadoras para a época em que foi construído, com presença de obras de arte integrada, relação generosa e com o espaço urbano e possui painéis de Athos Bulcão e jardins projetados por Burle Marx, tombados pelo GDF, além de mural em bronze de Bruno Giorgi e murais em cerâmica de Burle. O IAB-DF, por meio de seus representantes no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal (CONDEPAC) cobrou ações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), que resultou em ofício do Secretário solicitando o embargo das obras e estabelecendo diretrizes de preservação. Ainda, em conjunto com as entidades reunidas no Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro, acionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para acompanhar o caso.
Reiteramos que a preservação do conjunto urbanístico de Brasília depende da integridade de suas principais edificações, uma vez que não existe preservação urbanística sem que haja preservação arquitetônica. Por isso, continuaremos nossos esforços para auxiliar e cobrar das autoridades competentes a identificação e a preservação dos edifícios mais representativos da arquitetura moderna brasileira no Distrito Federal, sede da capital do país, reconhecida mundialmente por sua arquitetura. Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Distrito Federal (IAB-DF) Nosso corpo – individual, coletivo, social – exige extensão nos espaços públicos. Nós somos uma sociedade livre e identificada por sua cultura. Com licença, Governador e agentes repressivos, nós vamos passar.
Conscientizem-se que os gestores públicos são obrigados a cumprir procedimentos republicanos para quaisquer alterações do uso público dos espaços públicos. A fiscalização não pode ter “dois pesos e duas medidas”, menos ainda utilizar interpretações infralegais porque a norma decretada é genérica e empodera a ação dos agentes fiscais. Ou “ajusta” objeto e objetivos das leis maiores aos interesses particulares ou de grupos específicos ou ainda e pior, por razões políticas genericamente identificáveis, não republicanos. Esse Decreto (46.226-03/09/2024) que regulamenta a Lei 4.757-14/02/2012, dispõe sobre a instituição do Eixão do Lazer), nada especifica e remete a um “Plano de Ocupação”, norma infralegal ainda inexistente. Enquanto a norma não vem a população fica sujeita ao cerceamento de seu direito de ir e vir, ao uso individual e coletivo nos espaços públicos. O que é isso? Um “arrastão” oficial? Entendemos que foi um erro político escorado em reclamações não explicitadas e análises técnicas falhas, que ensejarão inclusive inúmeras questões judiciais. A regra é o uso livre, cabendo autuação apenas se demonstrado algum descumprimento da Lei. Por exemplo, a reclamação de ruído excessivo não parece ter sido verificada de forma técnica e nem comparada aos demais horários de uso do Eixo Rodoviário. E é improvável que as medições sonoras desde as unidades habitacionais, demonstram valores acima das normas. Mesmo que seja possível mensurar isoladamente as emissões sonoras dos grupos musicais, não teriam como se superpor às emissões de tráfego veicular e outros ruídos produzidos no dia-a-dia dos logradouros públicos. Vale lembrar que o fechamento aos veículos nos eixos rodoviários sul e norte remonta a junho de 1991, com o apoio do governo – secretarias, PM e DETRAN. Desde então tem sido uma medida de total sucesso e adesão da população brasiliense - sendo um exemplo que passou a ser seguido por outras cidades brasileiras. O uso das faixas veiculares e gramados, em maior ou menor intensidade sempre foi apoiado e destacado como característica sociocultural da Capital. O Eixão do lazer se consolidou como locus de encontro da população da metrópole brasiliense em sua diversidade. Devemos lembrar também que outros espaços públicos têm uso frequente para eventos (Festas, feiras, paradas etc.), como o Eixo Monumental e as entrequadras. Com ou sem autorizações e apoios do GDF. Quanto às interferências nos espaços públicos é importante o Detran e a PM realizarem seus trabalhos como ações de suporte e orientação do uso coletivo - esportivo e cultural da cidade, de forma educativa, propositiva e menos repressiva. As ações culturais, que em sua maioria envolvem artes ou processos artísticos, são realizadas por produtores/fazedores de cultura, e necessitam basicamente, além de suporte financeiro, de máxima liberdade de criação. O mercado popular que se organiza para atender a população em suas atividades de lazer no Eixão geram renda e garantem a sobrevivência de milhares de pessoas. Quase sempre as ações de repressão visam o tolhimento dessa liberdade criadora, a mando ou demanda de segmentos conservadores da sociedade, chegando com alguma facilidade à truculência, com ou sem poder de polícia. Ao invés de desrespeitar as liberdades democráticas e reprimir a arte livre, os gestores deveriam incentivar esse patrimônio cultural brasiliense, com iniciativas para melhorar as infraestruturas (travessias, calçadas e transporte público, por exemplo). Sr. Governador, restabeleça os zebrinhas aos domingos, nos circuitos necessários, tais como nos eixos, na avenida comercial de Taguatinga, no Parque da Lagoa em Brazlândia, entre tantos outros. O projeto Eixão do Lazer precisa ter seu acesso ampliado, assim como deve ser implantado nas demais RAs, e não reprimido por ser bem sucedido. Feiras e festas no DF e no mundo, são tradições dos dias livres – domingos e feriados – justamente para ensejar à população momentos de interação e união. Nessa linha e opostamente ao que o GDF fez e ameaça seguir fazendo, devemos resgatar mais usos tradicionais, renovados e recriados. INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL DEPARTAMENTO DO DISTRITO FEDERAL IAB-DF e Icomos-DF promovem o curso Fundamentos de conservação e manutenção de edificações do Plano Piloto de Brasília, em edição especial voltada para síndicos de edifícios no Plano Piloto, sem necessidade de formação específica em arquitetura ou engenharia.
O curso terá 4 aulas e uma visita técnica, de 16 de setembro a 7 de outubro de 2024, e abordará conceitos, critérios e procedimentos voltados para capacitar os síndicos de edifícios no Plano Piloto para melhor cuidar da manutenção e da conservação dos imóveis pelos quais são responsáveis. Pretende-se contribuir, assim, para a preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. As atividades serão presenciais, com aulas noturnas no auditório do CAU-DF. Professoras e professores são arquitetos-urbanistas e engenheiros civis, com formação acadêmica e experiência na área, que lhes permitirá dar uma abordagem prática ao tema, voltada para os casos que se enfrentam no dia-a-dia da cidade. CAU-DF e Sindicondomínio-DF apoiam a iniciativa. Programa do Curso: 16/set (segunda-feira) - O valor da arquitetura de Brasília (Sensibilização para a arquitetura do Conjunto Urbanístico de Brasília) - Conservação preventiva e suas vantagens 21/set (sábado) - Visita: Boas práticas de manutenção em blocos de superquadras 23/set (segunda-feira) - Recuperação de sistemas construtivos típicos de Brasília 01/out (terça-feira) - Plano de manutenção estruturado e suas vantagens - Como lidar com os tombamentos de Brasília 07/out (segunda-feira) - Contratação de projetos e planos de Arquitetura e Engenharia - Questões recorrentes de projeto em blocos de superquadras Associados ao ICOMOS, IAB ou Sindicondomínio possuem desconto no valor do curso. Inscrições por meio do link: https://www.even3.com.br/curso-conservacao/ |
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