Uma vez mais, os arquitetos brasileiros estão diante de um novo desafio instigante: projetar o Pavilhão do Brasil para a EXPO UNIVERSAL. No presente caso, na EXPO OSAKA 2025.
Já é tradicional a presença brasileira com a construção de excelentes exemplares de Pavilhões, com arquitetura inovadora, criativa e surpreendente, envolvendo e expondo temáticas e abordagens da cultura de nosso país que retratam nosso processo civilizatório, nossos avanços tecnológicos, sociais, econômicos e ambientais. Também uma vez mais os poderes constituídos, responsáveis pelas exitosas participações brasileiras convocam o Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB - para organizar e coordenar o Concurso Público Nacional de Arquitetura e Expografia para escolha do melhor projeto de arquitetura, imbricado com a melhor ideia temática; e sua materialização; em apresentações cenográficas dinâmicas e interativas que tem como missão surpreender e emocionar os visitantes da Expo, levando-os a se interessar pelo nosso país em todos os aspectos que pretendemos difundir e estimular. Assim aconteceram, com a interveniência do IAB, a partir de vários concursos históricos, criações de Pavilhões extraordinárias com inovadoras concepções de elevada qualidade e, sobretudo, exposições que também superaram expectativas e se destacaram diante das apresentações dos demais países participantes. De fato assim ocorreu por exemplo nas Expo de 1939 em Nova York, em 1958 em Bruxelas, em 1970 em Osaka, em 1990 em Sevilha, em 2015 em Miläo e em 2020 em Dubai, quando aconteceram as participacöes, na autoria dos projetos, de arquitetos como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, Sergio Bernardes, Paulo Mendes da Rocha, e tantos outros. É transcendental a importância da participação dos arquitetos brasileiros neste desafio que ora lançamos. O projeto vencedor contratado vai se integrar a longa esteira desses eventos já realizados e pontificar certamente como um dos melhores exemplares já exibidos. Historicamente, na origem das exposições estavam as feiras medievais, organizadas de forma mais ou menos precária, mas capazes de reunir num mesmo espaço desde produtos absolutamente triviais até gêneros exóticos, dos rincões mais longínquos do quase inacessível Oriente. As feiras mostravam como estava o desenvolvimento e a organização da sociedade daquele tempo, o estágio alcançado pelos conhecimentos das ciências e das técnicas incipientes de então. A exposição industrial de Londres, em 1757, organizada pela sociedade para o Fomento das Artes, das Manufaturas e do Comércio, é considerada a precursora direta das exposições universais e das mostras industriais propriamente ditas. “A exposição universal é o termômetro que mede a temperatura da civilização”. Se poderia dizer que a frase é bastante atual. No entanto, a afirmação não é nova e foi pronunciada pelo príncipe Alberto, da Inglaterra, um dos artífices da mostra internacional de 1851, em Londres, marco a partir do qual se conta a história desse tipo de evento, que em espírito, é a atualização das feiras medievais. Só que o marido da rainha Vitória empregou outras palavras para falar sobre a exposição londrina, que surgiu sob o signo do progresso, para exibir o avanço da indústria em todo o mundo e, certamente, para louvar a prosperidade da era vitoriana. “A exposição”, disse o príncipe na abertura do evento, “será uma prova incontestável de confiança e nos dará um quadro nítido do desenvolvimento alcançado por toda a humanidade... Será também um ponto de partida para as nações se lançarem em busca de novas conquistas”. Essa exposição, de 1851, reuniu milhares de expositores de todas as partes do mundo, incluindo a China e nações praticamente desconhecidas do mundo ocidental, e teve como maior atração o Palácio de Cristal, o qual ficou referido historicamente como marco da revolução industrial. °O palácio tinha uma superfície de 46.500 metros quadrados, uma área na qual caberia a catedral de São Pedro de Roma, e fora erguido em poucos meses. Era um canto à indústria, numa exposição que a louvaria em cada centímetro. O eco do sucesso chegou ao outro lado do canal da Mancha e os franceses organizaram a sua primeira exposição universal em 1855, para repetir a fórmula em rápida sucessão: 1867, 1878,1889 e 1900, enquanto os ingleses voltavam a ela em 1862. As exposições logo se transformaram numa espécie de atestado de progresso e a febre se espalhou por outros países, dos dois lados do oceano Atlântico. Viena, Amsterdã, Bruxelas, Barcelona, Saint Louis, Turim, Filadélfia e Chicago também organizaram as suas e, em troca, receberam os influxos positivos que, em princípio, sempre acompanham tais eventos. Se Paris guarda da mostra de 1898 o seu principal cartão-postal, a Torre Eiffel, construída pelo engenheiro Gustave Eiffel como símbolo das possibilidades da arquitetura metálica e por décadas o mais alto edifício do mundo, com 300 metros de altura, Chicago se valeu da Exposição Mundial Colombina, de 1893, organizada para celebrar o quarto centenário do descobrimento da América, e para ajudar a cidade a renascer das cinzas do grande incêndio em 1871 – de quebra, a exposição destacou a jovem e pujante indústria norte-americana. O século 19 registrou dezenas de exposições industriais e universais na Europa. Na feira das vaidades nacionais de então, as grandes exposições eram o maior exemplo do que podiam ou do que queriam os capitalistas locais. A exposição parisiense de 1900 mais fechou que abriu um século e um ciclo. Como já era praxe, a indústria da construção civil foi chamada a participar e ergueu pavilhões monumentais e oníricos, que lembravam ao visitante que tudo aquilo era realidade, mas também era sonho. A iluminação elétrica trazia a luz do dia para onde só havia a escuridão. Paris encerrava seu período de exposições universais e o eixo de tais eventos se deslocava temporariamente para a América. Em 1904, Saint Louis anunciou a “melhor e maior” das exposições; em 1915, San Francisco promovia a única feira em tempos de guerra; em 1933, Chicago voltava à carga e inventou a moda dos temas, no caso, “Um século de progresso”. Em 1939, Nova York abria sua exposição sob o tema “O mundo de amanhã”, pregava o progresso e a paz, embora as notícias que vinham da Europa deixassem entrever que não seria bem assim nos próximos anos. Na guerra ou na crise, caso da mostra de Chicago, organizada em plena época da Depressão, as exposições universais se mostravam alternativas válidas para tirar uma cidade ou até mesmo um país, da letargia. Os milhões de visitantes que giravam as catracas não saíam indiferentes do grande mostruário de civilização que viam e exercitavam um papel multiplicador, com efeitos quase imediatos sobre a economia e a sociedade locais. Conta-se que uma parte das sucessivas revoluções industriais que tiraram o Japão do atraso tecnológico se deve à presença assídua de comissões nipônicas nas mostras mais diversas. O gigantismo desses eventos escondia uma organização deficiente e gerava conflitos e mal-entendidos internacionais. Já em 1907, o governo francês sugeria um acordo internacional que estabelecesse normas e procedimentos que marcassem o caráter das exposições internacionais e melhorassem as relações entre o país anfitrião e os governos representados. Em 1912, em Berlim, estabeleceu-se as bases para um acordo internacional. A guerra interrompeu as negociações e só em 1920 foram retomadas. Por fim, em 1928, em Paris, delegados de 31 países assinavam o primeiro acordo sobre as grandes exposições internacionais, que estimulava a frequência com que se realizariam e os direitos e obrigações dos organizadores e expositores. Surgiu uma entidade para garantir o cumprimento dos termos do acordo, que sofreu diversas alterações desde então. Em linhas gerais a iniciativa de realizar uma exposição internacional só pode partir de um governo soberano e as propostas dos diferentes países são estudadas duas vezes por ano pelos delegados dos 47 signatários do acordo. A exposição de Bruxelas, em 1935, foi a primeira realizada a partir dos termos do acordo e alcançou tamanho sucesso que a capital belga voltou a realizar uma grande exposição no mesmo terreno, um parque ao norte da cidade, em 1958. A mostra da década de 50 foi uma das três exposições universais realizadas depois da Segunda Guerra Mundial, teve como tema “Balanço para um mundo mais humano” e colocou uma pá de cal nos escombros do conflito. Sob a sombra do Atomium, Bruxelas se impôs como metrópole e futura capital da Europa. Nova York voltou a realizar uma grande exposição entre 1964 e 1965, mas à margem do acordo sobre exposições universais e boicotada por 30 países, no calor da crise dos mísseis soviéticos em Cuba. Curiosamente, nem o tema “A paz através do diálogo” e a presença da “Pietá”, de Michelangelo, enviada pelo Vaticano, ajudou a abrandar as tensões. Dezenas de milhões de visitantes compareceram, como milhões foram a Seattle, na mostra de 1962, mas o título “exposição universal” só voltaria a ser empregado em Montreal, em 1967. O tema foi “O homem e seu tempo” e projetos de arquitetura e urbanismo se destacaram. Em 1970, uma exposição universal chegou à Ásia. Osaka, no Japão, inaugurava também os novos critérios, segundo os quais as exposições passavam a ser especializadas ou universais. Num caso, limitavam-se a um aspecto da atividade humana; ao outro, deviam obrigatoriamente propor um tema universal, atraindo muitos países. O tema foi “Progresso e harmonia para a humanidade”, defendia o entendimento entre as culturas e o progresso científico sem a perda do humanismo. O urbanismo novamente marcou presença e as experimentações propostas levaram à construção de uma nova cidade-satélite de Tóquio, Senri. Desde então, com o cancelamento de exposições universais em Filadélfia, Los Angeles, Paris e Chicago, somente se realizaram exposições especializadas. Nos últimos trinta anos tem sido flagrante o êxito das Expos Universais e o compromisso dos países em manter esse acontecimento como uma das exponenciais referências das atividades humanas. Analisando essas experiências de edições passadas, muitas delas com enorme destaque à participação brasileira, edições em que o Brasil pôde reafirmar sua produção, consolidar caminhos para a arquitetura ou mesmo propor novos rumos à produção mundial, que organizamos esse certame, com a certeza de que, ao julgar pelas últimas edições, o sucesso está garantido. A C Moraes de Castro Coordenador Mais informações disponíveis no site: concursoexpoosaka.com.br
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Concurso Público Nacional de Arquitetura e Expografia para o Pavilhão do Brasil na Expo Osaka 20255/10/2022 No dia Mundial da Arquitetura, temos a honra de lançar o Concurso Público Nacional de Arquitetura e Expografia para o Pavilhão do Brasil na Expo Osaka 2025 Pela terceira vez consecutiva a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - ApexBrasil e o IAB, por meio do Departamento do Distrito Federal, firmam parceria na realização de Concurso Público Nacional de Arquitetura e Expografia para o Pavilhão do Brasil na Expo Osaka 2025. Após 52 anos, Osaka voltará a ser palco da Exposição Universal, e será mais uma vez um evento de grande importância para o debate da produção arquitetônica contemporânea. Nesta edição o tema central será “Designing Future Society for Our Lives” e coloca no centro da discussão questões relacionadas à inovação tecnológica e sustentabilidade, nos incitando a pensar sobre a sociedade que queremos viver num mundo globalizado e se alinhando com os esforços para alcançar os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas até 2030”. inscrições abertas Mais informações disponíveis no site: concursoexpoosaka.com.br |
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Outubro 2024
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