Hoje o dia amanheceu triste, em um momento em que a cultura brasileira tem que lidar com tantas perdas, ataques e desmontes, sofremos mais uma baixa: faleceu o arquiteto, urbanista e artista plástico Ítalo Campofiorito, crítico de arte e arquitetura e um grande defensor do patrimônio cultural brasileiro.
Além de autor de diversos projetos de arquitetura e urbanismo e livros, Ítalo elaborou as diretrizes fundamentais, em conjunto com Lucio Costa, para subsidiar o decreto 10.829 de 1987 do GDF, que protege a conjunto urbanístico de Brasília e que serviu para cumprir as exigências da Unesco na sua inscrição na lista do patrimônio mundial. Ele era presidente do IPHAN quando presidiu a sessão do conselho consultivo do IPHAN em que se tombou Brasília, em 1990. Nos primeiros anos da capital, foi professor na nascente Universidade de Brasília, onde compôs a equipe de altíssimo nível capitaneada por Darcy Ribeiro para iniciar uma instituição de ensino à altura da Capital da Esperança. Estavam ali com pessoas como Oscar Niemeyer, Alcides da Rocha Miranda, João Filgueiras Lima, Amélia Toledo, Zanine Caldas, Athos Bulcão, Glauco Campello, Virgílio Soza Gomes, Abel Carnaúba, Evandro Pinto, Oscar Borges Kneipp, Jaime Zettel, Luis Humberto, Carlos Bittencourt e tantos outros. Presidiu o IAB DF em um momento extremamente difícil, entre 1964 e 1965, quando houve o golpe militar e o pensamento crítico no país passou a ser perseguido, impactando diretamente o fazer arquitetônico que estava tão avançado no momento no Brasil. Fez parte dos 255 professores que pediram demissão em 1965 da Universidade de Brasília em um ato de denúncia e repúdio às perseguições da ditadura ao ensino superior e à intelectualidade nacional. Até os últimos momentos de sua vida seguiu na defesa de nosso patrimônio e das nossas instituições culturais, estando engajado na luta contra os recentes ataques ao IPHAN, instituto que presidiu, cujo trabalho especialíssimo vem sendo ameaçado por indicações políticas não técnicas e interferência de empresários que pouco importam com o patrimônio nacional. Continuaremos o seu legado pela preservação da memória da cultural brasileira e na construção do IAB. Ítalo, obrigada por sua atuação pela cultura brasileira e primoroso trabalho técnico que nos deixa como legado. Todo nosso carinho, admiração e respeito. Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos.
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