Lelé é uma Escola João Filgueiras Lima, nosso querido Lelé, conjugou características incomuns na prática profissional, sintetizando em espaço artístico a responsabilidade técnica e social, a indissociabilidade entre concepção e construção, apontando para um futuro possível de autonomia, simplicidade e avanço tecnológico. Preferia, quando jovem, as artes, as coisas “mais amenas”. A partir da habilidade e interesse pelo desenho, torna-se “por uma série de acasos” arquiteto. Outro acaso o traz à Brasília e o joga, inexperiente, num canteiro de obras isolado e inóspito, onde a sociabilidade e o companheirismo têm que ser inventados da noite para o dia. Fruto de sua conhecida afabilidade e humildade usa a música, que servira de sustento anos antes, como acalento das noites solitárias e longe do Rio de Janeiro, e vai conquistando a todos com sua verve artística, mas principalmente pela competência, correção e afinco. Não tarda em se tornar indispensável à construção de Brasília, à Universidade e aos diversos chamados para espaços de responsabilidade coletiva, como o Centro Administrativo da Bahia. Lembrava-se, com serenidade e espanto, do dia em que Juscelino Kubitschek aparece na obra de casas geminadas nas quadras 700, então sob sua responsabilidade, querendo “conhecer o arquiteto que está construindo uma casa de cima para baixo.” Devido ao mal tempo e ao prazo exíguo, ele primeiro havia coberto a obra com estrutura leve, que seria posteriormente incorporada às paredes geminadas. E assim seguiu, das obras pré-moldadas da UnB até se tornar o grande mestre brasileiro da construção industrializada. Primeiro com as fábricas de argamassa armada em Salvador e Brasília, depois com o belíssimo trabalho do Centro de Tecnologia da Rede Sarah. Os hospitais da Rede Sarah são faces do Brasil das quais nos orgulhamos. A beleza, a dignidade e o amplo aspecto de soluções integradas, a humanização dos espaços sem concessões ao luxo, torna-os por isso mesmo, objetos ímpares e um necessário estudo de caso para hospitais do mundo inteiro. Deixa a profissão órfã, mas não de luto, pois aponta para um horizonte aberto cheio de possíveis caminhos a trilhar. Envolveu-se pouco com o ensino acadêmico. Mas não importou muito, Lelé é uma Escola. Thiago de Andrade - Presidente do IAB-DF fotos: Joana França
4 Comentários
Claudio Blois Duarte
21/5/2014 08:49:58
Tive a felicidade de trabalhar por muitos anos com esse grande mestre. Devo meu sucesso profissional ao que aprendi com ele. O sentimento de perda é enorme. Deixou uma imensurável contribuição à arquitetura.
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Hugo Junqueira
22/5/2014 05:30:33
Caros arquitetos,sou sobrinho neto do saudoso arquiteto Nauro Jorge Esteves.Conheci Lelé na época em que meu tio faleceu. Venho informa-los de que o velório do saudoso Lelé será amanhã na Capela 1 do Campo da Esperança a partir das 07h com sepultamento, na ala dos pioneiros, às 10h30min. Até breve.
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Paulo Francisco de Oliveira
14/8/2014 04:59:34
Uma sugestão:seria de grande valia que além das fotos dos projetos/construções houvessem suas identificações com "nome",data dos projetos/construções e endereço onde estão/seriam construídos.Obrigado.
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