Reconhecida no mundo inteiro, a Arquitetura brasileira tem seus ícones e mestres que projetaram obras em todo o mundo. O arquiteto Gilson Paranhos relacionou alguns nomes da Arquitetura brasileira. São mestres tanto da teoria, quanto da prática e também, na construção do pensamento moderno, que impulsionou a arquitetura no País.
Oscar Niemeyer
Humanista, lúcido e ativo, perto de completar 100 anos de vida (15 de dezembro de 2007), consagrado no mundo inteiro, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares, está sendo homenageado em diversos países do mundo pela contribuição que deu à Arquitetua Moderna. Além da construção de Brasília, cidade monumento e Patrimônio Cultural da Humanidade, sua arquitetura, verdadeira obra de arte, está presente no mundo inteiro: Estado Unidos, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Cuba, Argélia, Congo, Israel, Emirados Árabes, Libia, entre outros países.
Formado engenheiro arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro em 1934, escolheu trabalhar sem remuneração no escritório de Lucio Costa e Carlos Leão. Mais tarde, o escritório foi escolhido, em 1937, para projetar o novo edificio do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. A equipe liderada por Lucio Costa era composta por Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Jorge Moreira e Oscar Niemeyer. Consolidada, a dupla Lucio Costa e Oscar Niemeyer realizou em parceria e individualmente inúmeras obras-primas da arquitetura mundial.
Produzindo arquitetura desde a década de 40, Niemeyer também escreveu livros e é autor de desenhos que povoam galerias de arte e todo o mundo. Recentemente, ampliou sua trajetória no mundo das artes dedicando à Escultura. Expôs suas esculturas no exterior do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projeto de sua autoria que faz parte do Caminho Niemeyer, também idealizada também idealizada para a cidade fluminense, situada em frente ao Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara.
Sobre o Palácio da Alvorada, primeiro projeto iniciado em Brasília, André Malraux disse, ao visitá-lo: “São as colunas mais bonitas que já vi depois das colunas gregas”. Ao subir a rampa do Congresso Nacional, Le Corbusier se admirou: Aqui há invenção!
Em seu livro Minha Arquitetura (1937-2005), publicado em 2005, o artista e mestre, Oscar Niemeyer, de volta ao seu escritório de Copacabana, afirma que voltou ao mesmo método de trabalho. “Fixada uma idéia, redijo um texto explicativo. E, se os argumentos que encontro não são válidos, volto à prancheta. Nestes últimos anos, sou o único arquiteto em meu escritório de Copacabana. A arquitetura se apresenta cada vez mais pessoal para mim”, depõe Niemeyer sem deixar de citar toda a equipe que colabora no desenvolvimento de seus projetos e na Fundação Oscar Niemeyer, que incluem sua mulher, filha, seus netos, sobrinhos e amigos próximos.
Niemeyer escreveu: Minha experiência em Brasília, editado na França, Japão e Espanha, Rússia, 1976; A forma na Arquitetura, 1980; Conversa de Arquiteto, 1994; Meu Sósia e Eu, 1999; As Curvas do Tempo, 2000; Minha Arquitetura – 1937-2005 – Livro de Oscar Niemeyer, Editora Revan, Rio de Janeiro, 2005.
Joao Filgueiras Lima (Lelé)
Um dos mais importantes arquitetos brasileiros contemporâneos João Filgueiras Lima é carioca, nascido em 10 de janeiro de 1932. Lelé, como ficou conhecido no meio profissional, entre seus colegas e amigos e também nas cidades escolheu para morar – Brasília e Salvador – o arquiteto é reconhecido por sua participação na construção da nova capital, pelo conjunto de projetos que criou e desenvolveu junto à Rede Sarah de hospitais e pela industrialização da arquitetura por meio do uso do concreto em argamassa armada e aço utilizado em suas passarelas que enfeitam tanto a capital federal como Salvador.
Mestre na construção de pré-moldados, Lelé é formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro em 1955, Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia e veio para Brasília em 1957. Além de participar da construção de Brasília, dedicou-se à pesquisas no âmbito da industrialização da construção. A maioria de suas obras encontra-se fora do eixo Rio-São Paulo, nos estados da região Nordeste e em Brasília.
Em sua busca pela racionalização e industrialização da arquitetura, Lelé propôs métodos e processos de pré-fabricação inéditos no país, tendo sido dono de uma fábrica de pré-fabricados, que não existe mais. Foi diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS) e lá desenvolveu projetos e executou os novos hospitais da rede, espalhados pelo País. Também criou projetos de mobiliário hospitalar, destacando-se pela criação da cama-maca móvel, utilizada em todos os hospitais da rede Sarah, onde incluiu grandiosos painéis e outras obras do artista plástico Athos Bulcão, com quem Lelé estabeleceu uma parceria criativa durante muito tempo.
Nauro Esteves
Arquiteto que trabalhou com Oscar Niemeyer na construção de Brasília e participou da criação do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Distrito Federal. Esteves nasceu no Rio de Janeiro em 1923 e faleceu em Brasília em fevereiro de 2007. Cursou a Faculdade Nacional de Arquitetura da então Universidade do Brasil, onde se destacou em um concurso interno com um projeto para um centro recreativo cultural.
Entre seus projetos idealizados para Brasília, além de inúmeras quadras e residências no Lago Paranoá e blocos comerciais, destacam-se o Palácio do Buriti , Hotel Nacional, Carlton Hotel, Conjunto Nacional, Fundação Ballet do Brasil, Superior Tribunal Militar , Superior Tribunal Eleitoral, QG da Polícia Militar, Centro Comercial Gilberto Salomão, Cine Karim, Edifício Casa de São Paulo, Edifício Central Brasília, Edifício Venâncio VI, Edifício Galeria Nova Ouvidor, Igreja Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, Coreto da Praça dos Namorados, em Sobradinho, Jardim de Infância 21 de abril, desenhados tanto com a mão direita como com a esquerda, sem alterar a qualidade do traço.
Lembrado pelo seu colega Gladson da Rocha como um incansável trabalhador pela construção da cidade, indo para o canteiro de obras, à frente das máquinas, para acompanhar a implantação do traçado das quadras da nova capital, foi resgatado em 2005, na tese de mestrado da arquiteta Christiana Mendes Garcia, intitulada Construindo Brasília: A trajetória profissional de Nauro Esteves.
Esteves faleceu em fevereiro de 2007, aos 83 anos em sua casa e foi sepultado no no cemitério Campo da Esperança.
Atílio Correa Lima
Responsável pelo plano piloto da nova capital do estado de Goiás, Goiânia, o urbanista Atílio Correia Lima idealizou para a cidade um traçado saindo de um núcleo central e se desenvolvendo em torno dele. O plano diretor compreendia um sistema de logradouros públicos; zoneamento da cidade; esgoto, luz e força; sistema de parques, jardins ruas e avenidas; áreas para serviço de limpeza e regulamento das construções. Atílio Correia Lima ainda recebeu a incumbência de projetar os edifícios do Centro Cívico: Palácio do Governo, Secretaria Geral do Estado, Diretoria Geral da Segurança e Assistência Pública, Palácio da Justiça, Palácio da Instrução e Quartel da Força Pública.
Correa Lima estudou arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Em sua graduação, no ano de 1925, como projeto de conclusão de curso apresentou um plano piloto para a cidade de Niterói e foi laureado. Foi professor na mesma Escola, onde fundou a cátedra de planejamento urbano.
No começo da década de 30, em escritório junto com o arquiteto Paulo Antunes Ribeiro foi o responsável pelo plano piloto de Goiânia, em 1933. Terminada a sociedade com Ribeiro, trabalhou como arquiteto no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI) e atuou profissionalmente como paisagista, quando foi um dos primeiros a integrar plantas tropicais e subtropicais em jardins públicos e privados.
Com o projeto para o aeroporto de hidroviões do Aeroporto Santos Dumont, que se resumia num desenho simples, com apenas dois andares unidos por uma escada espiral, Correia Lima alcançou renome inernacional.
Villanova Artigas
Paranaense de Curitiba, nascido em 1915, o arquiteto e urbanista João Batista Villanova Artigas se formou na Escola Politécnica da USP e liderou o grupo da Escola Paulista de Arquitetura. Foi um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (FAU-SP) e é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais importantes teóricos dos movimentos de arquitetura moderna no Brasil e principal nome da arquitetura de São Paulo. Impedido de lecionar pela ditadura militar em 1969 retornou à FAU em 1979 e lecionou até a sua morte.
Em Curitiba, suas primeiras obras datam de 1940 e apontam forte influência pelos projetos de Frank Lloyd Wright. Mais tarde, buscou inspiração em Le Corbusier.
Em São Paulo, projetou inúmeras residências, edifícios comerciais, residenciais, instituições e escolas e deixou projetos reconhecidos nacionalmente, como a sede da Faculdade de Arquitetura da USP – FAUUSP e o Estádio do Morumbi.
Com diversos trabalhos publicados em todo o mundo, Artigas foi membro do júri de vários concursos públicos de arquitetura, medalha de ouro da X Bienal, um dos fundadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Um dos maiores mestres da arquitetura brasileira, Artigas faleceu em 1984 e deixou cerca de 700 projetos e obras espalhados pelo Brasil. Seu acervo está preservado nos arquivos da FAU-USP.
Paulo Mendes da Rocha
Arquiteto responsável pela recente transformação da Estação da Luz em São Paulo em Museu da Língua Portuguesa, Paulo Archias Mendes da Rocha é um dos arquitetos mais importantes da atualidade. Em 2006 recebeu o prêmio Pritzker, reconhecimento internacional, que entre os brasileiros foi dado somente a Oscar Niemeyer. Entre os prêmios internacionais, destaca-se ainda o Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina, recebido pelo seu projeto de reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2001).
Nascido em Vitória (ES), em outubro de 1928, formou em 1954 numa das primeiras turmas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, em São Paulo, onde iniciou sua carreira em São Paulo. Integrou o grupo modernista, conhecido como Escola Paulista de Arquitetura, liderado por Villanova Artigas. Foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Mendes recebeu forte influência de Artigas notada logo em seu primeiro grande projeto que foi o Clube Altlético Paulistano, no qual já usa o concreto armado aparente e utiliza-se de grandes espaços abertos, estruturas racionais, entre outros elementos que caracterizaram o movimento Escola Paulista de Arqutetura.
Na década de 1960, participou de discussões sobre o papel social do arquiteto e foi perseguido por essa atuação pelo governo militar da ditadura, sendo cassado e impedido de dar aulas. Em 1998, torna-se professor titular de projeto arquitetônico e se aposenta.
Sua obra incluiu também o Estádio Serra Dourada em Goiânia (1973); Museu de Arte Contemporânea da USP (com Jorge Wilheim), São Paulo, não construído, (1975); Museu Brasileiro de Escultura (MUBE), São Paulo (1986); Museu de Arte de Campinas (1989); Casa Gerassi (1989/1990 ); Reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1988/1999); Reforma do Centro Cultural da FIESP, São Paulo, com a colaboração dos escritórios MMBB e SPBR (1996/1998); Edifício do serviço estadual Poupatempo, no bairro de Itaquera, em São Paulo, juntamente com o escritório MMBB (1998); projeto para uma cobertura da Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca em São Paulo (2002) e o Museu da Língua Portuguesa, onde era a Estação da Luz.
Como recente projeto, Mendes da Rocha realizou a nova sede do Sesc no antigo prédio da Mesbla, no centro paulista, voltado para programações esportivas e culturais. Há também um projeto na Galícia, no noroeste da Espanha, na Universidade de Vigo.
Lina Bo Bardi
Consagrada pelo seu projeto de arquitetura para a construção do Museu de Arte de São Paulo, MASP, Lina Bo Bardi foi uma arquiteta ítalo-brasileira, que acolheu o Brasil como seu país, naturalizando-se em 1951, depois de deixar a Itália destruída pela guerra em 1946.
Admiradora da cultura popular, em São Paulo, a arquiteta formada em Roma na década de 30 produziu também para o teatro, cinema, artes plásticas, cenografia, desenho de mobiliário e participou da curadoria de diversas exposições. Casa com o crítico de arte Pietro Maria Bardi, ganhou projeção no meio intelectual e também dirigiu o Museu de Arte Moderna e fez o projeto de recuperação do Solar do Unhão, em Salvador.
Na Arquitetura, Lina destacou-se com os seguintes projetos: Instituto Pietro Maria Bardi, São Paulo, 1951 edifício é conhecido como a Casa de Vidro; Museu de Arte de São Paulo MASP, São Paulo, 1958 – considerada sua obra prima; projeto da Casa da Cultura, Recife 1963, que abrigava a antiga detenção da cidade, mas que a arquiteta não aconpanhou; Igreja do Espírito Santo do Cerrado, Minas Gerais, 1976; Museu de Arte da Bahia; Teatro Oficina, São Paulo, 1990; SESC Fábrica de Pompéia, São Paulo, 1990 e a reforma do Palácio das Indústrias, São Paulo 1992, trabalho que não chegou a concluir.
Como sempre idealizou, viveu em intensa produção cultural e faleceu em 1992, trabalhando no projeto de reforma da Prefeitura de São Paulo.
Fontes de pesquisa:
Wikipédia ArcoWeb Arte e Cultura (MRE) Fundação Oscar Niemeyer FAU-USP Moradia é Notícia Revista Arquitetura e Urbanismo -AU