| Amílcar Coelho Chaves |
23 de maio de 1944 - 9 de janeiro de 2025 O Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Distrito Federal (IAB/DF) e a Direção Nacional do IAB lamentavelmente cumprem o doloroso dever de comunicar o falecimento do abnegado ativista Amilcar Coelho Chaves. Pioneiro de Brasília que, ainda adolescente, aqui chegou com a família antes da inauguração da cidade. Ingressou na UnB em 1963, nas primeiras turmas, e se graduou em arquitetura e urbanismo em 1967. Foi presidente do IAB/DF no início da década de 70 e logo em seguida Secretário Geral da Direção Nacional do IAB e, por diversas gestões, foi conselheiro nacional da entidade, integrando o Conselho Superior (COSU-IAB). Especialmente na década de 70, Amílcar desempenhou importante papel no debate público em defesa do projeto urbanístico original para Brasília e de um desenvolvimento urbano com qualidade para o DF. Foi um dos organizadores do I Seminário de Estudos dos Problemas Urbanos de Brasília, realizado no Senado Nacional em 1974, evento que contou com a presença de Lucio Costa e outros arquitetos e urbanistas proeminentes. Em seu discurso no evento, Amílcar destacou a urgência de um “planejamento urbano unificado e abrangente de Brasília e sua região”, tema que segue absolutamente atual. O arquiteto foi um incansável lutador pela volta da democracia no Brasil. Deixa um legado de relevantes e inestimáveis serviços prestados para as organizações de arquitetos e urbanistas do país e importantes contribuições para a compreensão e debates dos problemas urbanos e ambientais desta cidade que adotou e ajudou a construir. Em agosto de 2024, por sugestão do IAB/DF, Amílcar foi um dos homenageados no Senado Federal na Sessão Solene em comemoração aos 50 anos do seminário de 1974. Para o presidente do IAB/DF, arquiteto Luiz Eduardo Sarmento, “a perda de Amílcar representa uma enorme vazio, não apenas por um dedicado colega às causas da profissão, mas de um pioneiro de Brasília que lutou incansavelmente contra as iniciativas governamentais, principalmente no período da Ditadura Militar, quando a UnB e o projeto de Lucio Costa para o Plano Piloto de Brasília estavam sendo ameaçados de serem completamente descaracterizados. Nos últimos meses Amílcar estava empenhado em ajudar o IAB/DF no registro da história da arquitetura e urbanismo em Brasília, com destaque para os momentos mais duros da ditadura militar mas também resgatando as propostas formuladas pelo instituto para a melhoria dos espaços urbanos de Brasília e pela qualidade de vida da população do DF.” Sentiremos sempre sua falta. Resquiecat In Pace, valoroso companheiro.
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![]() O ano era 2008, início do primeiro semestre, meu segundo semestre na UnB, já que entrei no 2/2007. A partir de uma sugestão do querido professor Reinaldo Guedes Machado, fui incluído na chapa que pleiteava a gestão do CAFAU, organizada por veteranos. A sugestão de Reinaldo aos veteranos de me incluir na eleição foi que tinha comentado com ele, dias antes, que eu tinha a ideia de montar um cineclube na UnB, algo que a universidade não tinha naquela época. A reitoria tinha acabado de ser ocupada e protestos dos estudantes contra as graves denúncias de corrupção, e o ambiente na universidade era de tensão política. Esse foi o momento em que nós, recém-chegados à UnB, buscamos entender melhor a história das lutas estudantis, da resistência à ditadura, das mobilizações sociais em defesa do Brasil, da democracia e da própria universidade. Foi então que soube da existência do filme Barra 68, de Vladimir Carvalho. Morando perto da Oscarito, na 407 Norte, fui até lá, aluguei o filme que, como não poderia deixar de ser, achei incrível. Nesse contexto, parecia o momento perfeito para inaugurar o cineclube, que seria na galeria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, organizado pelo CAFAU, e que portanto surgiu com o nome de CineFAU. A primeira exibição, naturalmente, seria do Barra 68. Logo imaginei que seria fantástico lançar o cineclube com esse filme e, por que não, contar com a presença do seu diretor, que sempre foi uma figura muito ativa cultural e politicamente na cidade. Entretanto, para isso, eu precisava entrar em contato com Vladimir Carvalho, a quem eu não conhecia e naquele momento não conhecia ninguém próximo a ele. Com a típica coragem dos estudantes, fui até a Secretaria da Faculdade de Comunicação (FAC) pedir o telefone do telefone do Vladimir, à época, já aposentado. O responsável pela secretaria, negou, naturalmente, alegando que não tinha autorização para fornecer o telefone de nenhum professor. Insisti, explicando o contexto do evento, mas a resposta permaneceu negativa. Já estava saindo de lá, pensando em como conseguiria contatar o Vladimir, quando um professor da FAC, que eu também não conhecia, e que tinha escutado minha conversa com o secretário, me chamou. Ele me puxou de lado e disse: "O Vladimir vai adorar receber sua ligação. Ele vai gostar do convite. Aqui está o telefone dele." Surpreso peguei o número e logo em seguida liguei para o Vladimir. Nossa conversa por telefone foi ótima, e ele aceitou o convite imediatamente. Um muso acessível! Imagina a alegria que senti, eu, um estudante recém-chegado a Brasília, que não conhecia quase ninguém na cidade, estava prestes a iniciar um cineclube na Universidade de Brasília e, ainda por cima, teria a honra de contar com a presença de um dos maiores cineastas do país em sua inauguração. O evento foi um sucesso: Vladimir apresentou seu filme e, em seguida, participou de um longo e importante debate sobre cultura, política, sobre a ocupação da reitoria que acontecia, ditadura militar, tropicália e, claro, cinema e arquitetura. Desde então, era sempre um prazer encontrar o professor Vladimir Carvalho pela cidade. Sempre que possível, trocávamos ideias, e ele nunca se esquecia daquele jovem que lançou o cineclube com o seu filme em meio à ocupação da reitoria de 2008. Ele mesmo comentou várias vezes o quanto quanto aquele momento foi importante, em um período que a universidade vivia uma fase intensa de discussões e mobilizações. O falecimento de Vladimir Carvalho é uma grande perda. Brasília perde um de seus mais geniais e grandiosos quadros culturais. Espero sinceramente que a luta que Vladimir travou nos últimos anos de sua vida para doar seu acervo e mesmo sua casa a alguma instituição pública, especialmente à UnB, finalmente se concretize. Ele sempre acreditou que sua casa e seu acervo poderiam ser o embrião de uma cinemateca em Brasília. É vergonhoso, e triste ver que, após tantos anos, Brasília e a Universidade de Brasília ainda não tenham encontrado uma solução adequada para receber e preservar esse patrimônio importantíssimo e tão generosamente oferecido ao público. A melhor homenagem que a capital pode fazer à Vladimir, é receber seu acervo e criar uma cinemateca na capital, algo que já deveria ter acontecido há bastante tempo. Texto de Luiz Eduardo Sarmento Presidente do IAB-DF É com profundo pesar que o IAB-DF recebe a noticia do falecimento de Vladimir Carvalho, brilhante cineasta que tanto contribuiu para cultura e o cinema em Brasília. Reforçamos o apelo e a urgência para que o seu acervo e legado recebe o devido tratamento por parte da capital federal e que o seu legado continue contribuindo na formação de jovens profissionais e com a cultura em Brasília.
| Frederico Luiz Souza Aguiar de Carvalho |
O IAB.DF lamenta o falecimento do arquiteto e urbanista Frederico Luiz Souza Aguiar de Carvalho, ocorrido na manhã desta segunda-feira (13/5), aos 70 anos. Fred Carvalho é egresso da FAU-UnB. Trabalhou no Centro de Tecnologia da Rede Sarah com o arquiteto Lelé, e na prefeitura da UnB em Brasília. Autor do anteprojeto do Hospital da Criança, do Centro Comunitário Athos Bulcão e dos pavilhões da Farmácia do Hospital Universitário de Brasília. Atualmente era professor no IESB. O velório está previsto para esta terça-feira (14/5), das 10h às 12h, na capela 10 do Cemitério Campo da Esperança, Asa Sul. O IAB.DF se solidariza com familiares e amigos do arquiteto. O IAB.DF lamenta profundamente o falecimento do arquiteto e urbanista Gunter Rolan Kohlsdorf Spiller, ocorrido nesta quarta-feria, dia 26/07/2023.
Arquiteto e urbanista premiado, foi professor da FAU.UnB com vasta e importante produção acadêmica. Seu livro o “Ensaio sobre o Desempenho Morfológico das Cidades”, em coautoria com sua esposa, Maria Elaine Kohlsdorf é uma referência. Gunter foi um incansável ativista pelo desenvolvimento da profissão, tendo doado seu tempo e conhecimento ao IAB.DF, principalmente por meio de sua atuação na Comissão de Política Urbana, e também no CAU.DF, onde foi conselheiro e coordenador de comissões. Neste momento de dor o IAB.DF se solidariza com amigos e familiares, em especial com sua esposa, a arquiteta e urbanista Maria Elaine Kohlsdorf. Ricardo Libanez Farret, para além de um orientador.Nascido em Santa Maria/RS, em 04 de março de 1939, Ricardo Farret formou-se em Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande Sul, 1962. Ainda nos primeiros anos de sua carreira profissional, em Porto Alegre, viu-se diante do desafio proposto pela direção nacional do IAB, e coordenado por Miguel Pereira, para integrar o grupo de professores, arquitetos e artistas plásticos, que tinham por missão reabrir, restaurar e reestruturar o Curso de Arquitetura da UnB, alvo preferencial da ditadura militar no Planalto Central, promotora de sucessivas intervenções, invasões e demissões sumárias, acabando por desfigurá-lo em seus propósitos currículo-pedagógicos. Muda-se então para Brasília em 1968, onde se dedica à atividade docente em tempo integral na UnB. Ao longo da sua trajetória acadêmica, inúmeras foram as suas iniciativas e atividades dirigidas aos estudos e desenvolvimento do planejamento urbano e regional em nosso país. Diplomou-se como Mestre (1978) e Doutor (1983) na Universidade da Califórnia/Berkeley; empenhou-se diretamente da criação do programa de Pós-graduação em Planejamento Urbano, em nível de mestrado, da FAU/UnB; fundou com Lucio Grinover (FAU/USP), Guilherme Varela (MDU/UFPE), Martin Smolka (IPPUR/UFRJ) e Wrana Maria Panizzi (PROPUR/UFRGS) a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ANPUR, sendo seu primeiro presidente eleito para gestão 1984-1986. Seguramente acredito, muitos de nossos colegas poderão completar, com maior propriedade, esse rápido apanhado redigido com dificuldade e emoção. Ele nada mais é do que uma despretensiosa introdução do que realmente quero dizer. Tive o privilégio de conviver com dois lados de uma mesma moeda - moeda rara. Ricardo L. Farret, o profissional e colega reto e assertivo, o professor e orientador dedicado. Ricardo, o amigo, conselheiro solidário e, sobretudo, presente. Avesso aos elogios, nunca pretendeu ser uma estrela, mas soube brilhar na edificação de uma carreira sólida, na elaboração de uma obra publicada merecedora de toda a nossa atenção, na construção de uma família linda, que junto com Marcia, me acolheu como se dela pertencêssemos, a mim e aos meus dois filhos, quando chegamos à Brasília, em 1981. Brasília, 27 de abril de 2023. Arquiteta e urbanista Vera França e Leite Hoje o dia amanheceu triste, em um momento em que a cultura brasileira tem que lidar com tantas perdas, ataques e desmontes, sofremos mais uma baixa: faleceu o arquiteto, urbanista e artista plástico Ítalo Campofiorito, crítico de arte e arquitetura e um grande defensor do patrimônio cultural brasileiro.
Além de autor de diversos projetos de arquitetura e urbanismo e livros, Ítalo elaborou as diretrizes fundamentais, em conjunto com Lucio Costa, para subsidiar o decreto 10.829 de 1987 do GDF, que protege a conjunto urbanístico de Brasília e que serviu para cumprir as exigências da Unesco na sua inscrição na lista do patrimônio mundial. Ele era presidente do IPHAN quando presidiu a sessão do conselho consultivo do IPHAN em que se tombou Brasília, em 1990. Nos primeiros anos da capital, foi professor na nascente Universidade de Brasília, onde compôs a equipe de altíssimo nível capitaneada por Darcy Ribeiro para iniciar uma instituição de ensino à altura da Capital da Esperança. Estavam ali com pessoas como Oscar Niemeyer, Alcides da Rocha Miranda, João Filgueiras Lima, Amélia Toledo, Zanine Caldas, Athos Bulcão, Glauco Campello, Virgílio Soza Gomes, Abel Carnaúba, Evandro Pinto, Oscar Borges Kneipp, Jaime Zettel, Luis Humberto, Carlos Bittencourt e tantos outros. Presidiu o IAB DF em um momento extremamente difícil, entre 1964 e 1965, quando houve o golpe militar e o pensamento crítico no país passou a ser perseguido, impactando diretamente o fazer arquitetônico que estava tão avançado no momento no Brasil. Fez parte dos 255 professores que pediram demissão em 1965 da Universidade de Brasília em um ato de denúncia e repúdio às perseguições da ditadura ao ensino superior e à intelectualidade nacional. Até os últimos momentos de sua vida seguiu na defesa de nosso patrimônio e das nossas instituições culturais, estando engajado na luta contra os recentes ataques ao IPHAN, instituto que presidiu, cujo trabalho especialíssimo vem sendo ameaçado por indicações políticas não técnicas e interferência de empresários que pouco importam com o patrimônio nacional. Continuaremos o seu legado pela preservação da memória da cultural brasileira e na construção do IAB. Ítalo, obrigada por sua atuação pela cultura brasileira e primoroso trabalho técnico que nos deixa como legado. Todo nosso carinho, admiração e respeito. Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos. |
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